Existe uma dificuldade inerente em alcançar a simplicidade. Uma simplicidade alcançada por artistas complexos, sofisticados, como Kandinsky, Matisse, Georges de La Tour.
A complexidade que está embutida, que não é imediatamente visível, que explora nuances.
Bomfim está no caminho desta conquista difícil, ancorado por referências tão díspares como os primitivistas italianos (Piero della Francesca, Fra Angelico, Giotto,) e os fauves (Matisse, André Derain), mas que ligadas na sua pessoa e trabalho trazem uma curiosa união entre as formas humildes e a exuberância da cor.
![José Luís Bomfim](http://apreciandoarte.com.br/wp-content/uploads/2016/07/quadroZeLuis01-1024x1024.png)
A verve própria, individualizada, que o artista brasileiro persegue traduz-se em tensões aparentes como o uso da História Sagrada cristã como assunto em alguns trabalhos, noutros a figura da mulher exposta em sua sexualidade. A realidade transcendente, o cotidiano banal, a paisagem quieta sendo observada, a mulher em várias formas – na verdade, faces diferentes da mesma Beleza. A Beleza universal que Bomfim acredita e busca transmutar através de sua lente pessoal.
![José Luís Bomfim](http://apreciandoarte.com.br/wp-content/uploads/2016/07/xiloZé-300x209.jpg)
![José Luís Bomfim](http://apreciandoarte.com.br/wp-content/uploads/2016/07/Nu-2-207x300.png)
Lente pessoal que não passa somente pelo olhar, “cosa mentale” da qual falou Leonardo da Vinci, mas principalmente pela luta da sua mão com sua técnica, com seus instrumentos – o lápis sobre o papel, o pincel sobre a tela, a goiva sobre a madeira. Nessa batalha em que o instrumento vai se dobrando à vontade do artista, o artista também é moldado, modificado.
![José Luís Bomfim](http://apreciandoarte.com.br/wp-content/uploads/2016/07/segundo-grito-tratado2.png)
Simplicidade e sofisticação, mente e mão, espírito e matéria, importância e banalidade transcendente e imanente, polaridades aparentes, faces de uma mesma moeda, são chaves para adentrar o universo de Bomfim.
Fábio San Juan
Crítico e historiador de arte
José Luís Bomfim é natural de Mogi das Cruzes mas cresceu e mora com a família em Vargem Grande Paulista, cidade da Grande São Paulo. Artista e professor formado pela Unicamp e pelo Istituto Sophia (Loppiano, Itália), já colaborou com textos e imagens com várias publicações como Dicta & Contradicta, jornais O Quique e Portaberta. Atua como designer-colaborador junto à Preface Design, de Campinas. Também ministra aulas na cidade de São Paulo e mantém ateliê em sua cidade. Mais detalhes em www.bomfim.art.br