VIDEO | A Noite Estrelada, de Van Gogh | FUNDAMENTAL
O professor Fábio San Juan comenta sobre “A Noite Estrelada”, de Vincent Van Gogh. Saiba porque esta é uma obra de arte que todos precisam conhecer.
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Este é o primeiro vídeo da série Fundamental, no qual o prof. Fábio San Juan irá apresentar e comentar sobre as obras de arte que todos precisam conhecer.
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Transcrição do vídeo:
Olá, eu sou o professor Fábio San Juan e este é o Fundamental, um programa sobre as obras de arte que você precisa conhecer.
Por que você precisa conhecer “A Noite Estrelada” de Vincent van Gogh?
Van Gogh pintou este quadro em junho de 1889, numa época conturbada de sua vida, quando estava internado no sanatório da cidade de Saint-Remy-de-Provence.
Por que o artista estava num sanatório?
Vincent tentou criar uma comunidade de artistas na cidade de Arles, sul da França, mas seu plano não deu certo porque ele esperava que seu amigo, o pintor Paul Gauguin, fosse o chefe da comunidade e ele recusou o convite. Van Gogh tentou convencer o amigo, e como não teve sucesso, ficou furioso e o ameaçou com uma navalha. Na confusão que se seguiu, van Gogh sentiu-se culpado, cortou parte de sua própria orelha esquerda, mandou-a de presente para uma prostituta, pintou autorretratos mostrando seu curativo na orelha. Antes do incidente seu comportamento pouco convencional já não agradava as pessoas na cidade de Arles. Depois disso, muita gente pediu a ele que se internasse num manicômio.
Depois de ter passado por várias internações no Hospital de Arles, ele decidiu, voluntariamente, internar-se no sanatório Saint-Paul de Mausole, na cidade de Saint-Remy de Provence.
Quando chegamos a esse quadro, encontramos Vincent instalado no sanatório, e com permissão de usar um cômodo no andar térreo como estúdio de pintura.
Vincent pintou a paisagem de memória. Já tinha observado muito as paisagens do campo pela janela de seu quarto, em várias condições atmosféricas: chuva, sol forte, durante o dia e a noite em vários horários. Também já tinha feito vários esboços da vista.
O resultado é uma explosão dentro da história de vida de Vincent, e também da História da Arte.
Existe pouca arte que nos prepara para “A Noite Estrelada” de van Gogh; talvez, Rembrandt, talvez El Greco, talvez Turner. Nem mesmo as xilogravuras japonesas que o artista tanto amava, tão diferentes da arte europeia da época, são tão expressivas. Nunca um artista tinha levado tão longe a forma agressiva de aplicar a tinta sobre a tela como correspondente de sua atividade mental e espiritual.
A depressão que sofria o levava a querer pintar de uma forma alegre. Como ele relata para o seu irmão Theo, em uma de suas famosas cartas, ele pretendia encontrar um “modo de experimentar algo tranquilizador e alentador para que ninguém se sentisse culpado ou infeliz”. Podemos até duvidar que “A Noite Estrelada” seja alegre, mas sem nenhuma dúvida é um quadro pleno de energia.
O brilho das estrelas parece ser levado pelo mesmo vento que agita a árvore, um cipreste que cintila em vários pontos refletindo o brilho das estrelas e da lua. A lua parece mais um sol; tudo no quadro é iluminado por este céu vibrante, que dança numa coreografia louca sobre a vila, que tem somente algumas casas com luzes acesas.
A torre da igreja no centro da composição, ao mesmo tempo faz par com a forma triangular da árvore e aponta para cima. Van Gogh aponta novamente para o céu, procurando desesperadamente um Deus. Sua sede por uma religião que dê sentido à vida e que lhe dê um objetivo mostra-se em sua frase: “Tenho a terrível necessidade de uma religião. Então, saio noite afora para pintar as estrelas”.
As pinceladas em azul e amarelo fundem-se para compor nos olhos do espectador uma impressão de verde. Mas não é o impressionismo mais que está em ação aqui, não interessa mais somente captar efeitos de luz da natureza que todos podem observar. A luz de van Gogh é somente sua, e ele capta vibrações de cor dentro de si – sua “Noite Estrelada” não é uma descrição viva, é a própria vida do artista pulsando na tela. Se é possível transpor carne, sangue e espírito através de tintas aplicadas sobre uma tela, então van Gogh conseguiu. Não conseguimos ir mais longe no objetivo de fazer as forças da natureza falarem sobre o turbilhão interior que cada um de nós vive – o campo de batalha que é cada ser humano.
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Obrigado!