Visita Virtual à Capela Sistina vídeo 02

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O professor Fábio San Juan explica em sua visita virtual uma das obras-primas da arte universal: a Capela Sistina.

Visita virtual à Capela Sistina

Visita virtual à Capela Sistina Botticelli

Visita Virtual à Capela Sistina vídeo 02

O prof. de História da Arte Fábio San Juan prossegue na sequência de 04 vídeos com este segundo vídeo, fazendo a  visita virtual a esta obra-prima da arte universal: a Capela Sistina.

Ele explica a decoração da capela, suas pinturas e seus significados.

​Link para o Vídeo / Artigo 01: apreciandoarte.com.br/visita-virtual-a-capela-sistina-video-01

Link para a Visita Virtual no site dos Museus Vaticanos: http://www.museivaticani.va/content/museivaticani/it/collezioni/musei/cappella-sistina/tour-virtuale.html

Link para a Visita Virtual direto no site do Vaticano: https://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html

Assista ao vídeo 02 abaixo:

Transcrição do vídeo

Olá! Continuando nossa visita virtual à Capela Sistina, em que eu, Fábio San Juan, professor de História da Arte, estou explicando a sua decoração e algumas das suas histórias e significados. Se você não viu o primeiro vídeo, clique no link que está na descrição deste vídeo, certo?

Então, falamos que há quatro faixas de afrescos nas paredes laterais e o teto. Ou seja, a Capela Sistina é totalmente pintada, de alto a baixo.

1.a FAIXA DE AFRESCOS: FALSAS TAPEÇARIAS / CORTINAS

Na primeira faixa, há pinturas simulando tapeçarias, alternando entre douradas e prateadas. Todas com o brasão papal de Sisto IV, o papa que patrocinou a construção e a primeira decoração da Capela Sistina. Essas pinturas, assim como toda a pintura até a terceira faixa de afrescos, foram iniciadas em 1480 e terminadas dois anos depois. As famosas “Tapeçarias de Rafael” foram encomendadas 35 anos depois pelo papa Leão X para Rafael Sanzio, e a intenção era cobrir essas pinturas simulando tapeçarias por tapeçarias de verdade. Rafael fez os desenhos em cartões de papelão, pintados, que hoje são conhecidos como os “Cartões de Rafael” e estão na coleção da Coroa Britânica, e foram enviados para serem tecidos nos Países Baixos. Hoje, essas tapeçarias são expostas nos Museus do Vaticano, e são exibidas no local original, a Capela Sistina, somente em ocasiões especiais. Por exemplo, neste ano de 2020, ano da memória de 500 anos da morte de Rafael, as peças foram expostas durante uma semana no mês de fevereiro, e seriam expostas em outros museus e locais da Itália e da Europa, mas por causa da pandemia de coronavírus esse “tour” foi cancelado.

2.a FAIXA DE AFRESCOS: CICLOS DE MOISÉS E CRISTO

Na segunda faixa de afrescos, temos à esquerda as cenas da vida de Moisés e à direita, cenas de vida de Cristo. Vocês veeem que as duas séries de pinturas começam na extremidade de cada parede, encostada ao Juízo Final de Michelangelo, mas terminam “virando a esquina”, na parede onde está situada a porta de entrada.

Originalmente, cada série começava na parede onde está o Juízo Final, a parede do altar. À esquerda, o afresco representava Moisés bebê, dentro da cesta de junco, sendo recolhido do rio Nilo pela princesa egípcia. À direita, a Natividade, o nascimento de Jesus. No centro, a representação da Assunção de Nossa Senhora ao céu. As três pinturas foram destruídas, com concordância do papa Paulo III, a pedido de Michelangelo, para a pintura da cena do Juízo Final.

Essas pinturas foram feitas por uma equipe dos melhores pintores da época. Vamos lembrar que em 1480 estamos em pleno Renascimento. Esses pintores foram enviados pela cidade de Florença, a capital do Renascimento, terra de Leonardo da Vinci, Michelangelo e Botticelli. Destes três, dois trabalharam na decoração da Capela Sistina: Botticelli e Michelangelo.

Mas essa equipe pintou a capela antes de Michelangelo, que começou o seu trabalho somente em 1508, 28 anos depois, portanto, da decoração original. A equipe era chefiada por Perugino, professor do mais tarde famosíssimo Rafael Sanzio, e foi formada, além de Sandro Botticelli, por Ghirlandaio, Fra Diamante, Pinturicchio, Cosimo Rosselli e Lucas Signorelli, além de assistentes não identificados. Leonardo da Vinci não fez parte da equipe porque não foi convidado…

Por que a vida de Moisés de um lado e a vida de Cristo do outro? Porque Moisés é considerado o maior dos profetas do Antigo Testamento, segundo as teologias judaica e cristã; e Cristo, claro, é o Messias, que traz a Nova Aliança, é a figura principal do Novo Testamento. Cada pintura faz paralelo com a pintura do outro lado.

Vejamos então o ciclo de Moisés. As cenas representadas são:

1. Moisés deixando o Egito e a circuncisão do seu filho Eliezer;

2. Juventude de Moisés ou os julgamentos de Moisés;

3. A travessia do Mar Vermelho;

4. A descida do Monte Sinai;

5. A punição dos rebeldes;

6. Testamento e morte de Moisés;

7. A disputa sobre o corpo de Moisés.

Do lado direito, as cenas representando a vida de Jesus Cristo são:

1. Batismo de Cristo;

2. Tentações de Cristo;

3. Vocação dos Apóstolos;

4. O Sermão da Montanha;

5. A entrega das chaves;

6. A Última Ceia;

7. A ascensão de Cristo.

Poderíamos nos deter em várias, ou em todas, as cenas, e teríamos um vídeo para cada cena, pois há uma riqueza de detalhes, de simbologias e alegorias que é impossível abordar num video só… quero chamar atenção para o seguinte: os estudiosos apontam uma coerência, principalmente em termos de paleta, ou seja, do conjunto das cores, que é harmônica entre todas as cenas dos dois ciclos, mesmo tendo sido pintadas por artistas diferentes. Isso é atribuído à direção de Perugino, que teria coordenado essa unidade entre os trabalhos, tornando tudo coeso. A outra característica bastante interessante é que várias cenas dos dois ciclos ainda trabalham com a forma medieval de narrar a história, ou seja, várias cenas são mostradas em um único painel.

Um exemplo: olhem a cena das “Tentações de Cristo”, pintado por Sandro Botticelli. Na parte superior nós vemos à esquerda o demônio tentando Jesus para que transforme pedras em pães, no centro, no alto do templo de Jerusalém, tentando-o para que se atire de cima, e à direita, tentando Jesus com o poder e a riqueza dos maiores reinos do mundo, com Jesus já o repelindo e os anjos prontos para servi-lo, terminando os quarenta dias de provação.

Embaixo, em primeiro plano, a cena representada é a de um leproso se apresentando ao templo, para ser purificado. Veem que são quatro cenas num mesmo painel? Essa forma de narrativa é tipica da Idade Média, e quando chega o Alto Renascimento, por volta de vinte anos depois da pintura desse afresco, essa forma de contar uma história está quase abandonada. Mas aqui ainda existe, em 1480.

3.a FAIXA DE AFRESCOS: 28 PAPAS

Vejamos rapidamente a terceira faixa de afrescos: o papa Sisto IV pediu que fossem pintados os primeiros trinta papas da Igreja, desde São Pedro, o primeiro, até São Marcelo I, o trigésimo, todos mártires. Novamente, não temos a representação de São Pedro e São Lino, os dois primeiros bispos de Roma, pois estavam na parede que foi reformada para a pintura do Juízo Final de Michelangelo.

4.a FAIXA DE AFRESCOS: LUNETAS DE MICHELANGELO

E finalmente, chegamos ao trabalho de Michelangelo. A quarta faixa são as lunetas, esses semi-círculos sobre as janelas, representando os ancestrais de Cristo.

Vamos analisar esse trabalho no conjunto do trabalho de Michelangelo, no nosso vídeo 03.

Link para o 3.o vídeo / artigo: apreciandoarte.com.br/visita-virtual-a-capela-sistina-video-03

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